sábado, 26 de setembro de 2009

Boa, professor! (Luiz Carlos Prates)

Li a coluna do Prates do dia 24 de setembro e a partir dela podemos refletir um pouco sobre a postura do professor...
Quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Boa, professor!

Tenho uma história para contar, mas não posso contá-la sem antes dizer que essa odiosa pedagogia do amor — que muitos adotam — não leva a nada. Aliás, leva, sim. Dou um exemplo.
A professora pergunta ao Joãozinho quanto são dois mais dois. E o Joãozinho responde: cinco.
A professora, em vez de dizer que são quatro, diz: "Quase, quase, Joãozinho. Você está quase certo".
Bolas, o Joãozinho não está "quase" certo, o Joãozinho está absolutamente errado. E se ninguém disser isso a ele, e o disser com voz forte, o Joãozinho pode achar que tudo na vida é quase, quase isso, quase aquilo. E não é assim. Mas a odiosa pedagogia do amor, que faz tudo para não "traumatizar", vai formando pessoas para o "quase" na vida. E o quase não faz parte do vocabulário dos vencedores na vida. No quase nós perdemos o ônibus. No quase, não ganhamos na loteria; no quase, casamos errado; no quase, escolhemos mal a profissão; no quase, erramos o céu e acabamos no inferno...
Bem, a história que eu tenho para contar envolve um colega. Esse sujeito é locutor de televisão faz muitos anos em Porto Alegre. Ninguém lhe discute a competência. Numa dessas entrevistas com famosos da TV, pediram-lhe que contasse como tudo começou na sua vida profissional.
E ele contou que um dia, em sala de aula, ainda adolescente, leu um trecho muito mal. E o professor não deixou passar. Deu-lhe uma formidável bronca, dizendo que ele tinha que melhorar muito a leitura, estava uma droga.O que fez o colega, murchou? Não. Bebeu o vinagre da crítica e reagiu. Passou a ler em voz alta com obstinação, imitou locutores consagrados, vivia como se fosse um deles. Claro, melhorou, passou a ler com competência, entrou no jornalismo de voz e fez carreira de sucesso. Banal a história?
Também acho, só que muitos ficariam até hoje lambendo as feridas das setas envenenadas da crítica do professor, e, como se diz nos galpões, enfiariam a viola no saco.
Fez bem o professor, está errado, está errado, tem que dizer à pessoa quando ela está errada. Sem essa de está quase bom. Estar quase bom significa não estar bom. Os molengas afundam diante da crítica, os bravos erguem-se e vão à luta.
O que seria dos exércitos se os comandantes dissessem aos soldados no campo de batalha: "Aí, rapazes, vocês quase acertaram o tiro, está quase bom assim..."
Bons professores gritam o erro, educadores da pedagogia do amor dizem que o erro está "quase" certo...
Gostei da tua história, Elói Zorzetto. Parabéns pelos 30 anos na RBS TV de Porto Alegre.

5 comentários:

  1. AMPLIE SUA VISÃO!!!
    ELE INVERTEU O SENTIDO DA PEDAGOGIA DO AMOR, NO QUAL A PROPOSTA NÃO É FORMAR PESSOAS "QUASE", NESSE SENTIDO CORRIGIR COM DIÁLOGO E SE FAZER INTENDER.
    SUA CRÍTICA À PEDAGOGIA DO AMOR FOI LAMENTÁVEL!

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  2. Gostei muito do comentário do Prates sobre a Pedagogia do Amor,pois para muitos educadores é muito mais fácil dizer o "quase" do que dizer que está errado,porque dizer que está errado fará deste aluno um ser pensante,atuante e seguro de si,em nenhum momento foi lamentável,lamentável é o anônimo digitar a palavra entender com i.


    Sandra S.Chaves

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  3. Obrigada Sandra... Eu tbm penso assim como vc, até postei no próprio site da RBS TV este comentário... Que não é apenas dizendo que está errado, mas direcionando, mostrando caminhos, dizendo o porquê...
    Que bom que este texto causou uma certa criticidade em alguém, é para isto que escrevemos... Para despertar no outro o estímulo de concordar ou discordar de nossas ideias...
    Enfim, quem me conhece sabe o que eu penso sobre a PEDAGOGIA DO AMOR!

    Um abraço a todos!

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  4. aaaa, e outra coisa... Quem fala o que quer sem se identificar na verdade tem medo de mostrar o que é! Com certeza não me jogaria da ponte ou cortaria meus pulsos por saber quem apenas discorda de mim... E coloca à prova o meu profissionalismo... Enfim...
    Somos adultos né? E com certeza somos seres imperfeitos e inacabados!

    Com esta eu fui... Beijos

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  5. Concordo com você Elaine!!
    Adorei essa postagem sobre a Pedagogia do Amor!
    Para mim vai ser bem útil essa informação!
    Pois saberei com reagir diante de dificuldades assim,com meus alunos futuramente!
    E está pessoa anônima deveria pensar sobre o que escreveu,e corrigir seus erros de português!
    Beijinhos.....

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